QUIETUDE
Eleitor,
não se permita esquecer as longas filas, a humilhação de ser obrigado a votar
em pilantras que aparecem apenas na hora do voto.
Não venda, mas também não vote.
Movimentações
lerdas e acomodadas não causam surpresa a ninguém. Todos estão disputando a
vaga de vice de Valmir da Integral. Talvez porque estejam já preparando a nova
batalha pos eleição: centenas de ações e reuniões para derrubar o segundo mandato
do velho. Agora levando realmente a serio o poder e a resiliência desse lobo vestido
de cordeiro. Seguramente, se Valmir chegar incólume a eleição e for eleito, decididamente
não governará. Todas as ações que foram blindadas agora virão a tona, numa
reunião massiva de deserdados contra um gigante regional. E não será tarde, talvez
seja a devida hora.
Os
grupos estão perdidos mas todos rezando a cartilha do gabinete. Todos imobilizados
numa corrida cuja dianteira é serena para o poder. A mobilização atual é tímida
e camuflada, ordeira. Os que se colocam o fazem na calada da noite ou pelas
esquinas da cidade.
Não
há desafiante que valha a troca de comando na capital do minério. Precisamos
parar Valmir, mas quem será o carimbado? É quase tarde para esta definição, mas
velhos generais deixam todos os recursos para a ultima hora. E não será
diferente dessa vez. Os ventos estão favoráveis ao grupo reinante, ainda não
tem oposição ou algo que valha este nome nesta cidade de zumbis.
Crimes
foram cometidos, e crimes abomináveis. A classe politica no seu silencio usual, tacitamente apoiam as
ações e iniciativas do governo e seu domínio. Ninguém discute a forma de
gestão, não há impedimentos moral contra as equações de poder e mando atual.
Todos concordam com Valmir, não há voz dissonante.
Impressiona
a covardia desse silencio e desse apoio tácito. Farão igual ou pior quando lá
estiverem. É esta a razão do silencio desses homens e mulheres cujo pensamento é
exclusivamente seu próprio umbigo.
Desmantelado
o G5 original, talvez dai saísse alguém com animo renovador. Mas até agora
nada. E moralmente, quem daria conta desse papel num grupo que foi achincalhado
e na pior hora acabou dividido. Seria algum desses vereadores, pela omissão ou
pela covardia, alguém indicado a desafiar o status quo?
O
Belzebu comandante segue de olhos abertos e vigilantes. Há mais alguma presa a ser comprada? Quais novos grupos
devemos formar para desviar o foco de possíveis
novos desafiantes. Cadê o Rui Vassourinha, o Marden, Dr. Charles. Gesmar
definitivamente é presa morta, cassada, apagada.
Não
teremos renovação. Num momento de encruzilhada e profunda transformação no modo
em que vivemos até agora nesta cidade, não há propostas ou coragem suficiente
para renovação, proposição do novo ou inusitado da sobrevivência sem a mineração.
A
conta será paga por todos. Inclusive pelos cerca de 50 mil retirantes que
deixam para trás parte significativa de sua historia e luta. Vão atrás de comida,
de cuidados, de emprego. Pobre cidade, era uma vez Parauapebas!
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