“Desculpem o desabafo, mas não
tenho como não pensar que não mandaram matar o meu pai!”, afirmou o jovem
Por Nicolas Gunkel
O
ex-ministro do STF Teori Zavascki (Ueslei Marcelino/Reuters)
São Paulo – Francisco Zavascki, filho do
ex-ministro do STF Teori Zavascki, morto em um acidente de avião no início deste ano, publicou uma espécie de desabafo em seu Facebook
nesta quarta-feira (17), após a revelação pelo jornal O Globo de gravações
comprometendo nomes como Michel Temer e Aécio Neves.
O comentário, que foi apagado em seguida pelo
jovem, sugeria que a operação Lava Jato passou a contrariar interesses do PMDB
e, então, precisava ser contida pelo partido. Francisco disse que o PT também
estava “aproveitando tudo de bom que o governo dá”, mas que “era incompetente”
e “nunca tentou nada para barrar” a operação da PF.
Ao partido de Michel Temer, o filho de
Teori endereçou algumas questões incisivas: “Do que eles são capazes? Será
que só pagar pelo silêncio alheio? Ou será que derrubar avião também está
valendo?”. Ao fim da publicação, a conclusão é ainda mais direta. “Desculpem o
desabafo, mas não tenho como não pensar que não mandaram matar o meu pai!”.
Confira, a seguir, o texto na íntegra:
“O PMDB está no poder desde sempre e, como todos
sabemos, estava com o PT aproveitando tudo de bom que o Governo pode dar… até
que veio a Lava jato.
A ordem sempre foi a de parar a Operação (isto está
gravado nas palavras dos seus líderes). Todavia, ao que parece, até para isso o
PT era incompetente e, ao que tenho notícia, de fato, o PT nunca tentou nada
para barrar a Lava Jato (ao menos o pai sempre me disse que nunca tinham
tentando nada), o que sempre gerou fortes críticas de membros do PMDB.
O problema é que as investigações começaram a ficar
mais e mais perto e os líderes do PMDB viram como única saída, realmente,
brecar a Operação a qualquer custo. Para isso, precisava do poder. Derrubaram a
Dilma e assumiu o Temer.
Do que eles são capazes? Será que só pagar pelo
silêncio alheio? Ou será que derrubar avião também está valendo?
O pai sabia de tudo isso. Sabia quanto cada um
estava afundando nesse mar de corrupção. Não é por acaso que o pai estava tão
afilho [sic] com o ano de 2017.
Aflito ao ponto de me confidenciar que havia
consultado informalmente as Forças Armadas e que tinha obtido a resposta de que
iriam sustentar o Supremo até o fim!
Que gente sínica [sic]. Não tem coisa que me
embrulha mais o estômago do que lembrar que, no dia do velório do meu pai,
diante de tanta dor, ainda tive que cumprimentar os membros daquele que foi
apelidado naquele mesmo dia de o “cortejo dos delatados”.
Impeachment já!
Desculpem o desabafo, mas não tenho como não pensar
que não mandaram matar o meu pai!”